sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Incêndio - 1940-1945

Estive lendo nas últimas semanas O Incêndio, como os aliados destruíram as cidades alemãs 1940-1945, Jorg Friedrich, editora Record, 585 páginas.
Do que trata ? A impressionante destruição das cidades alemãs perpetrada pelos aliados - americanos e ingleses, principalmente, durante a II Guerra Mundial.
Guerra é guerra, dirão uns. Azar dos alemães, afinal, quem mandou gerarem e aceitarem um Hitler, dirão outros. Mas é de um simplismo cavalar julgar a destruição de relíquias arquitetônicas da Idade Média que contavam a história de parte da Europa somente pelo prisma do bem e do mal, nazismo e democracia.
Igrejas, conventos, castelos, palácios, hospitais, casas de madeira, tudo veio abaixo, incendiado pelos malditos bastões incendiários despejados aos milhões sobre Berlim, Hamburgo, Potsdam, Bremen, Kiel, Colônia, Stuttgart, Württemberg, Münster, Kassel e tantas e tantas outras mais.
Na pág. 144 do livro: "No último ano da guerra, a frota dos EUA lançou uma tonelada de bombas por minuto, totalizando, entre 16 de setembro e 31 de dezembro de 1944, 165 mil toneladas. Em 1945, o Comando de Bombardeiros realizou outras 62.824 decolagens, transportando 181.740 toneladas ... "
Destruição, morte por sufocamento, gases tóxicos, esmagados ... Nunca defendi os atos alemães nas duas guerras, mas com todo o poderio bélico aliado, me pergunto porque destruir simplesmente por destruir ? Muitos "bunkers" foram construídos por toda a Alemanha, muitos porões em casas, prédios comerciais, asilos, hospitais foram utilizados pela população alemâ para se defender do inferno dos incêndios. Mas os gases letais, a falta de oxigênio, o empurra-empurra para conseguir um lugar, acabaram matando milhares.
Um patrimônio arquitetônico e artístico de centenas de anos, originários da Idade Média virou cinzas, escombros! A troco de quê? Do total aniquilamento da Alemanha.
O livro conta em detalhes toda a preparação dos aliados, sua estrutura, as bombas disponíveis, o turbilhão causado pelo fogo, as cas antigas. Faz uma viagem pelo mapa da Alemanha cidade a cidade, do Norte para o Oeste e do Sul para o Leste, narrando como as cidades foram incendiadas, destruídas, aniquiladas, e a população trucidada, cozida, afogada, queimada, massacrada, sem olhar para homens, mulheres e crianças, sem se deter em hospitais, asilos, orfanatos. Já não interessavam mais pontos militares ou estratégicos, apenas o aniquilamento total.
Comovente e ao mesmo tempo repugnante leitura das mortes nos bunkers, nos kellers.
Eu que só conheci Berlim e Postdam, e a magnificência de palácios e construções, a grandiosidade das avenidas berlinenses, imagino como não ficaram após 1945 ...

Recomendo a leitura, não com olhos de revanchismo, mas com a intensidade da descoberta das atrocidades que são praticadas em nome sabe-se lá do que: a liberdade do mundo ocidental.
Balelas!